Sobre Mim
Olá! O meu nome é Alexandre Couto, tenho 23 anos, sou atleta de Natação Adaptada do Sporting Clube de Portugal e estudante de Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico. Convivo com uma condição rara chamada síndrome de Morquio tipo B, que afeta principalmente a estrutura óssea e muscular. Foi por recomendação médica que entrei na natação ainda em criança — e foi dentro de água que descobri um lugar seguro, libertador e transformador. Comecei na Piscina Municipal de Santo Tirso e, por volta dos 10 anos, entrei para a equipa do Ginásio Clube de Santo Tirso, competindo inicialmente na natação pura. Mais tarde, e por não poder competir como uma criança "dita normal", afastei-me temporariamente da modalidade, mas o regresso à água — agora na natação adaptada — reacendeu a minha paixão. Desde 2019, represento o Sporting Clube de Portugal, onde comecei a competir a nível nacional com regularidade e sucesso. Sou tetracampeão nacional na classe S9, com vitórias nos 50m, 100m e 400m livres, além dos 100m costas. Para além de mais dois títulos nacionais alcançados no ano anterior e títulos coletivos. Tenho também o orgulho de ser recordista nacional nos 400m estilos, uma das provas mais exigentes. Atualmente, compito na classe S8 e na SB7. Em abril de 2025, dei um dos passos mais importantes da minha carreira ao representar Portugal pela primeira vez numa prova internacional: o World Para Swimming Series Fuji-Shizuoka, no Japão. Antes da competição, realizei também uma classificação desportiva internacional, essencial para definir oficialmente a minha classe no panorama mundial. A natação adaptada não é só desporto — é uma escola de vida. Através dela, cresci como atleta e como pessoa, ao lado de colegas que me ensinaram que o limite muitas vezes somos nós que o impomos. Partilhar piscina com atletas surdos ensinou-me Língua Gestual Portuguesa; conviver com colegas com síndrome de Down mostrou-me o poder da superação e da autenticidade. Paralelamente, estudo no Técnico, onde aplico diariamente a mesma dedicação e resiliência. Tanto na engenharia como no desporto, é preciso estudar, experimentar e melhorar constantemente. Até conceitos como o escoamento da água, que aprendo no curso, são úteis quando estou a aperfeiçoar a minha técnica na piscina. Nem sempre é fácil conciliar tudo, mas tenho tido o apoio de professores e amigos que fazem a diferença — desde uma compreensão nas avaliações até um simples gesto de carregar a mochila nos dias difíceis. A minha mensagem para quem está a começar, seja no desporto ou noutra paixão, é simples: arrisquem, mesmo com medo. Se algo vos faz bem, então sigam em frente. Os desafios existem, mas também existem formas de os ultrapassar. O importante é nunca desistir. Gostava, também de agradecer muito aos meus pais, irmã e avós, sempre estiveram lá para mim. Sempre foram o meu porto seguro. Acrescento ainda ao meu treinador Rui Gama que acima de resultados vê pessoas e é um dos meus pilares de vida. Agradecer também a todo o meu staff, em especial a um dos meus preparadores físicos, o João Carvalho, que tal como o Rui está comigo desde o princípio. Para terminar, costumo dizer que se me dessem a escolher nascer com o meu problema ou nascer "normal", escolheria sempre o caminho que tive e a luta que tenho, aprendi tanto! Sinto, verdadeiramente, que no desporto convencional nascem heróis, - pelo esforço, dedicação e tudo o que é realmente necessário para levar o corpo aos limites - mas é no desporto adaptado onde aparecem heróis - aqueles que já mais nada têm a provar e que ainda fazem mais e mais.